Em desabafo na web, funcionária pública relata ter sido estuprada e agredida por adolescente de 13 anos no Acre
29/10/2024
Vítima estava em uma colônia de propriedade dela e do marido em Feijó, que havia saído para fazer compras. Suspeito aproveitou que ela ficou em casa dormindo, e a atacou. Ela tentou revidar e tirá-lo de cima dela, mas foi atingida por um soco e desmaiou. O marido a encontrou desacordada e despida. Mulher fez relato através de uma rede social
Reprodução/Instagram
Em um desabafo na web, uma funcionária pública de 45 anos relata ter sido estuprada e agredida por um adolescente de 13 anos no município de Feijó, no interior do Acre. Por meio de uma rede social, ela relatou o caso e cobrou uma resposta das autoridades nessa segunda-feira (28).
Por meio da postagem, a mulher contou que estava em uma colônia de propriedade dela e do marido, na zona rural do município, no dia 31 de agosto. Ele precisou ir à cidade para comprar mantimentos e ela ficou em casa dormindo, pois havia tomado remédios.
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Nesse dia, por volta de 14h30, o adolescente invadiu o quarto, subiu na mulher, que tentou se defender, foi agredida com um soco e acabou desmaiando. Ela conta que foi acordada pelo marido, que a encontrou desacordada, com a marca de um soco no olho, e com um controle de TV introduzido em seu órgão genital.
Ainda na publicação, ela ressalta que jamais imaginou que seria vítima de violência em um local onde costumava se sentir segura e amada.
“Acordei por um monstro em cima de mim, tirando minha roupa me espancando, tentei de todas as maneiras me defender, mas com um soco no olho não vi mais nada, Meu marido me encontrou desmaiada, despida e com controle de TV dentro de mim”, relatou.
Mulher vítima de violência pede socorro ao 190 com pedido de pizza
Dois dias depois, o caso foi denunciado à delegacia de Polícia Civil do município, e a Polícia Militar está em busca do suspeito. (Confira mais abaixo)
“Fizemos todos os procedimentos necessários, boletim de ocorrência, corpo de delito e encontraram I0 hematomas no meu corpo. Estou fazendo acompanhamento psicológico, mas mesmo assim tem sido dias escuros. Passei mais de um mês sem sair de casa devido às manchas roxas e com medo. Estou usando medicação forte e mesmo assim sempre tenho pesadelos com esse monstro”, acrescentou.
Marcas da violência
A produção da Rede Amazônica Acre entrou em contato com a vítima, que relatou indignação com a violência que sofreu. O objetivo dela com a postagem é de que este tipo de crime seja discutido e que o caso não seja esquecido. “Estou tentando ser forte pelos meus filhos”, disse.
Segundo a mulher, ela reconheceu o criminoso, que é filho do caseiro da propriedade de seu cunhado, vizinha à dela. Ela desconfia que o rapaz tenha ouvido o barulho da moto de seu marido quando ele deixou a propriedade, e decidiu atacá-la.
“Quem mora em colônia tem o ouvido mais aflorado. Depois que aconteceu tudo, nós percebemos que ele escutou o barulho da moto chegando de longe, porque da nossa colônia pra colônia do meu cunhado, que é onde eles residem, é no máximo 20 minutos. E em outras situações, eu percebi ele me olhando tomando banho”, disse.
Igarapé Diabinho, em Feijó, que passa próximo à propriedade da família da vítima
Arquivo pessoal
A vítima lembra que o rapaz era do convívio da família, e que até costumava estar com eles quando tomavam banho no Igarapé Diabinho, que passa pela propriedade do cunhado. Nessas oportunidades ela notou olhares do jovem.
“Várias vezes ele ia à nossa Colônia e tomava banho de açougue lá com a gente, mas ele sempre com um olhar um pouco malicioso”, lembrou.
Ela não esperava a repercussão do relato via rede social, que viralizou e recebeu diversos comentários. Agora, a vítima espera uma punição para o suspeito e tenta se reerguer.
“Eu fiz aquele relato, não sabia que ia repercutir tanto, de forma nenhuma. Eu só queria que chegasse ao MP [Ministério Público]. Eu queria que alguém fizesse algo por mim, algo pelas mulheres. Tem várias mulheres caladas, sofrendo. E eu tenho o apoio do meu marido, dos meus filhos. Se não fosse por eles, eu não sei como estaria agora. Eu passei um mês sem sair de casa, tinha medo. Comecei a sair devagarinho com eles”, contou.
A mulher, que tem quatro filhos, também relatou que, após o caso, a explicação que contou a eles foi de que havia sofrido uma queda. Os filhos ficaram na cidade naquele fim de semana, e ela mandou uma foto dos hematomas causados pela suposta queda.
No dia seguinte ao caso, um domingo, ela voltou para casa, e os filhos não acreditaram na justificativa. Foi então que o marido decidiu contar o que realmente havia acontecido.
“Eles choravam, eles me abraçavam. E eu não tinha coragem de contar o que tinha acontecido. Meu marido os chamou e contou. Causou uma revolta tremenda neles. Meu marido foi para a delegacia prestar depoimento e eles me levaram ao hospital, para fazer corpo de delito, conversar um pouco com o psicólogo, me aplicaram a medicação. Eu estava muito nervosa, porque eu estava segurando, pensando em passar a força para eles. Mas teve uma hora que eu não aguentei, eu desmoronei”, disse.
O que diz a polícia
O Ligue 180 - que atende denúncias de violência contra a mulher - passou por reestruturação
O delegado Marcílio Laurentino, coordenador da Delegacia de Feijó, informou que o caso foi registrado na unidade e que todos os procedimentos foram feitos. O processo corre em segredo de Justiça.
Laurentino também informou que o Ministério Público também recebeu a denúncia feita pela vítima. Ele não informou se já foi emitido pedido de apreensão do menor suspeito, por conta do sigilo do caso.
“Agora é segredo de justiça, a gente não pode informar. Foi para o Ministério Público, o Ministério Público já deu o parecer e está com o Poder Judiciário para tomar uma decisão. A parte da Polícia Civil foi toda feita dentro do prazo”, disse.
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para denunciar casos de violência contra a mulher:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar:
Polícia Militar - 190: quando a criança está correndo risco imediato;
Samu - 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
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