Dia do Compositor: artista do interior de SP cria músicas com sons de aves, madeira e até espirro

  • 15/01/2025
(Foto: Reprodução)
Produtor musical de Descalvado (SP) se inspira com sons inusitados da natureza. Fascínio pelo folclore interiorano paulista e o campo é o ponto inicial para o uso de técnicas de captação. Dia do Compositor: Artista de Descalvado compõe músicas a partir de sons da natureza O barulho de um serrote virou contrabaixo. O som da lata da água do cachorro serviu para embalar a trilha sonora de um curta-metragem. Sons da correnteza nos rios, cantos de aves e até espirro se transformam em composições na mãos do sonoplasta e produtor musical Mateus Paludetti, de Descalvado (SP). No Dia do Compositor, comemorado nesta quarta-feira (15), o g1 conta a história por trás da arte da concepção do artista que é conhecido como Palu. 📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp Folclore interiorano paulista Sua grande fascinação pelo folclore interiorano paulista e o campo é o ponto inicial para o uso de técnicas de captação sonora na natureza e extração dos sons mais inusitados. O músico cresceu e vive em uma casa na zona rural, cercada por vegetação. Contato com a natureza está ligado diretamente às suas obras. "Não precisa ficar preso aos instrumentos convencionais, há um universo de timbres ao nosso redor. E por isso, podemos perceber coisas que ainda não existem quando os sons da natureza são processados e modulados", explicou o produtor. Mateus Paludetti (à esquerda) em seu homestudio em abril de 2006 / Mateus (foto à direita) em apresentação atual Arquivo Pessoal Autodidata, quando criança ele gostava de interagir com o rádio antigo de casa. Na época, gravava sons em fitas cassete e criava vinhetas como uma brincadeira. “O aprendizado veio da experimentação, que é o cerne do meu trabalho”, contou. "O 'não convencional’ sempre me atraiu", disse Mateus ao ser questionado da origem de suas ideias. Processo criativo Quando lembra de suas inspirações artísticas, o compositor menciona o movimento histórico concretista na música, conjunto de técnicas experimentais, que surgiu no final dos anos 1940 com Pierre Schaeffer. Em seu projeto mais recente, ‘Teiurutau’, ele combina a viola caipira, gravações de campo e lendas do interior. 'Teiurutau' é um neologismo, ou seja, uma palavra derivada de outras já existentes. O teiú, réptil de hábitos diurnos, e o urutau, que designa um grupo de aves de hábitos noturnos, se complementam na obra. Canto do urutau inspirou criação de produtor musical de Descalvado (SP) Corpo de Bombeiros-MT/Cedida Em 'Desmoronamentos', faixa de abertura do álbum, Palu explora o regionalismo. A junção vai de timbres eletrônicos à música psicodélica. E como ingrediente especial foi captado e embutido ao som, o canto do urutau. A 'ave fantasma’ produz um som apavorante e carrega lendas e superstições por seu comportamento peculiar. "Era muito comum ouvir 'causos', lendas rurais vindas de minha avó e o 'Mateus criança' não sentia medo e sim fascinação, estado de êxtase ao ouvir essas histórias", contou o produtor. Equipamento e captação de som Estúdio de produção 'Interior Ressonante' , de Mateus Paludetti em Descalvado Arquivo pessoal No bolso estão sempre gravadores e microfones portáteis, cada um com sua função de captação. Veja lista de alguns equipamentos essenciais na lista abaixo: Os microfones condensadores são sensíveis e ideais para captar sons detalhados e momentos isolados. Eles funcionam melhor em ambientes controlados, como estúdios; Os microfones dinâmicos capturam sons mais secos e possuem maior resistência a volumes altos, tornando-os ideais para apresentações ao vivo; Os microfones de contato, captam vibrações diretamente de superfícies sólidas e as transformam em sinais elétricos. O armazenamento fica por conta de bancos digitais de um programa que utiliza para guardar o material sonoro até o momento de uso. Trilhas e projetos Acervo de instrumentos para captação de sons para seu trabalho artístico em Descalvado Arquivo pessoal No projeto de curta-metragem, chamado “Nem Tudo é o que Parece” realizado em São Carlos (SP) sob a direção de Iasha Salerno, o artista usa proposta experimentalista a partir do som de espirros. O trabalho, patrocinado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), foi desafiador mas muito proveitoso, afirmou o músico. Outro projeto marcante foi a “Rádio Cassandra”, idealizado pelo diretor Fabiano Lodi, a abordagem conta com a criação teatral radiofônica inspirada em uma história da mitologia grega e que envolveu a captação e edição de áudio, locução e música original sob responsabilidade de Mateus. Ambos os projetos serão lançados em 2025. LEIA TAMBÉM: HIP-HOP: Primeiro MC cego de Araraquara se destaca em cenário hip hop local: 'estou quebrando barreiras' 2025: Casa própria, tirar CNH, ter o próprio negócio: veja os desejos de moradores de Araraquara para 2025 MÚSICA E LITERATURA: Dono de loja de armarinho usa WhatsApp e entregas para vender mais em Araraquara; livreiro fatura em sebo ao unir música e literatura *Sob a supervisão de Fabio Rodrigues, do g1 São Carlos e Araraquara. Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2025/01/15/dia-do-compositor-artista-do-interior-de-sp-cria-musicas-com-sons-de-aves-madeira-e-ate-espirro.ghtml


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